domingo, 20 de dezembro de 2009

Mais do mesmo

Era uma carta para meu pai, uma carta de criança no dia dos pais. Feita na escola. Junto à carta vinha um sonho de valsa.

Caprichei na carta, acho que caprichei, na verdade não lembro. Só lembro de esperar meu pai chegar pra me buscar e eu entregar o meu presente do dia dos pais, mas minha mãe que foi me buscar nesse dia.

Tive que esperar aquela gigantesca viajem até chegar em casa, e ainda era hora do almoço. Eu era uma criança segurando uma carta com um chocolate. Eu queria muito dar o presente inteiro e aquele chocolate olhando para mim.

Resisti à tentação e consegui dar o presente pro meu pai, provei que era forte e que mesmo o chocolate sendo muito mais gostoso para mim do que para ele o importante mesmo era fazê-lo feliz.

Mentira.

Comi o chocolate ainda no carro, então virei para minha mãe como que me desculpando e perguntei:

- Mas mãe, o importante mesmo é a carta, né?

Crescemos, mas mantemos nossa essência.

Vou viajar com meu pai para São Paulo para passar o natal com ele e a namorada dele, lá terá um amigo-secreto feito na hora, então você compra um presente sem saber para quem vai dar.

Como dar um presente sem saber quem é a pessoa?

O único jeito foi comprar algo que eu gostasse muito. Voltei ao sebo que tinha ido comprar 3 livros. Fui na parte de cd´s e comprei 3 cd´s do The Doors: L.A Woman, Strange Days e Waitting for the Sun.
O melhor presente que alguém poderia ganhar.

Mas não sei o que demora mais: esse natal que não chega ou a trajetória colégio-casa de minha infância.

Decidi. Vou ficar com os cd´s, eles são muito melhores para mim do que para qualquer outra pessoa.

Nesse momento, consigo até lembrar do gosto do chocolate.

Acho que vou ter que fazer uma carta para meu amigo-secreto.

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