segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Se se morre de amor

Se Joaquim, mal-amado,
se matou num domingo
Depois de o amor
Tudo lhe comer

O meu amor só
me comeu os créditos
do celular

e eu já penso em me matar,

Isso talvez não seja amor
mas desse amor se morre

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Futuro de 11:45

Adiantei o relógio
da cozinha
para fazer poesia.

Ao meio-dia
anunciou-se a poesia
pelo cantar dos pássaros
que habitam a panela de pressão

domingo, 1 de agosto de 2010

Sílabas de tato

Meus dedos tocam seu corpo
Em dáctilos
Sentindo cada sílaba de tato
Assim: uma longa e duas breves
Por onde cantam meus dedos

Prolongar uma sílaba de noite
no paladar de teu hálito
quando a língua é tato e fala
uma sílaba longa
ou um gemido
Quando o coração prolonga
a sílaba de amor e dilata-se
Em uma diástole eterna.