segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O suicídio de uma puta

Um samba tocando no rádio,
um livro na mesa...
Sérgio Sampaio
rasgando a tristeza.

na banda o poeta tocava flauta
em suas próprias vértebras

na dança - que balança o balaço -
uma puta em seu regaço.

Ele deixou o livro
Ela ao menos sabe ler,
nem brincar...
Apenas botar pra gemer.
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A FLAUTA VÉRTEBRA

A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
(Maiakovski)

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