domingo, 15 de novembro de 2009

Alex não gosta de fotos

Seu nome poderia ser Severino,
Lázaro, ou qualquer nome Bíblico
Mas não.
Seu nome era Alex.

Era Alex quem pedia cigarro
nas mesas de boteco
e bêbado abria-se a qualquer um.

Contava sobre sua vida
e soprava – para nós –
com a fumaça do cigarro
suas mortes.

E em sua existência se equilibrava
tanta vida e tanta morte

Vestido em um corpo enrugado
Pelo fogo,
numa tentativa de transformar
suas cinzas em espírito.

Mas o fogo que lhe queimava
vinha do Inferno
e não o derretia.

E por não encontrar Deus
mais em Deus acreditava.

Ele que poderia se perder

Se perdeu.

Mas o amor existe
No gênero humano.

E Alex mais do que qualquer um
sabe o que é ser humano.
Achando em seu Senhor e sua Senhora
o que nenhum poeta soube falar.

Ainda assim sua existência se equilibra
em tanta vida e tanta morte.

Morre em solidão.
Vive em sua carne rasgada.
Morre no ensurdecedor silêncio
do mundo.

E vive – acima de tudo –
porque ama.

Alex não é ator,
nem artista.
Se acha feio
Não gosta de fotografias

Pois conhece a realidade
na epiderme e na alma.

2 comentários:

  1. é o último verso lemra:
    "alma, deixa eu ver sua alma
    a epiderme da alma...
    su-per-fí-cie"
    mas não vou mudar não

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  2. só tem graça se voce realmente conhecer o Alex que se queimou pra se matar mas não morreu.

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