Meu corpo de bruta pedra enleia o teu
de ebúrnea textura.
És assim: inerte, Clara e pura
Como o amor enteu*.
Minha mão que se perde na tua pele
E escorrega e desliza, como no gelo dança
a água, que derrete e impele
o gelo para uma epopeica andança.
Entrelaçam as almas dos amados,
assim como os pés. Os corpos nus abraçados
e os espíritos em torpor
sentem o vento soprar a ventura.
Consolidam – debaixo da manta de lã -
os versos de Rimbaud:
“No verão às quatro da manhã
O sono do amor ainda dura”.
*inspirado por Deus
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