quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vias em Têmpora


Esperei o cantar da musa, um verso de proposição, qualquer herói...
Ajoelhei-me diante da Aurora.
Na Grama, meu joelho sente frio de horas-ferro de fé enquanto me queimo ao sol. Mudei...

Fugi, me preveni de qualquer monotonia de cor e fala. Resgatei sotaques e palavras de nenhuma língua. Poesias escritas por sons do inconsciente, por imagens de neblina e sensações de um espírito móvel.

A noite chega como peso de sombra por cima de meus ombros e deposita seus dedos déspotas em minhas pálpebras. Oníricas aves ocupam meu ser (Sei o quanto o sonho se apodera da alma e viajo as terras profanas):
Ancestrais de sangue que não possuo voltam como imagens, ou lembranças sem passado. Fósseis de grito selvagem.
De desespero feroz me refugiei nas guerras humanas e senti a coronha na nuca e o peso do sangue. A imagem de um soldado morto:

Paisagem de preguiça olhando para o céu.

Tinha como Testamento os cânticos escritos por anjos
uma orquestra em sons longos Lânguidos e... silêncio. Deitar as palavras em verso de repouso e calma:

-“Carrosséis divinos em céus fumegantes/ após beber o ouro dos trabalhadores”.

Cheguei ao mundo de Poietikós, e caminhei sobre frias cerâmicas de palavras. Tinha minha casa aberta para o monte Empyreo, e nevava cinzas de Troia. Musas dançavam, em formas alvas, sonetos de flauta transversal. O vento soprava tempo e me perdia nos movimentos de letras. Busquei a diferença que roça à loucura. Pisei no limite e olhei para baixo: sustentei-me com asas de Ícaro e cai sobre a floresta de símbolos. Andava em passos metrificados sobre galhos no chão.

Pisar na cidade de analogias e servir-se no mar de metáforas onde transladam os rios dos sentidos.

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