quarta-feira, 26 de maio de 2010

Thelema-correspondência

Soprava o vento de Aiwass,
Sagrado Anjo Guardião,
e me cantava o som de paz
Em melodia de abstração

Versos criptografados em olfato:
Odor de hexâmetros em papiro
nos cantos comido por ratos
Furados com balas de tiro.

Nuit,de coração alado,
Egípcia entre egípcias
do céu noturno ao meu lado,
Canta-me como musa da delícia
Toda a analogia do universo:
O belo, o sublime, o pagão e o perverso.

A chave menor de Salomão
Livre, chama os demônios em que ardes
Enquanto dormem os cristãos
Insônia dos cães e monstros do Hades.
Sorriem harpias sobre negra fonte:
Têm cheiro do oeste e voam trépidas
Entre grandes pilares de almas lépidas
Regato que deságua no Aqueronte

Caronte beija minha face e sorri
Renegado filho dos anjos eu vi
Ordinário e um tanto demente.
William espírito entre fumaças
Liberta-me os 72 demônios da mente
Ergue-te as mãos e reverencia as raças.
Yeats grafe em mim palavras divinas.


Viajar em líquido para Jerusalém
Los sobre a cratera da estrela matutina
Dos tempos de Blake essa inspiração vem
e dentro dos glóbulos sanguíneos me ensina:

Que corresponda meu verso com tudo
com todos e um só
e corra em mim palavras
que na garganta dão nó

segue, rio, a caminho do deserto
desliza a serpente aqui pra perto
Voe, alma, por Épiro rumo ao norte
e transite, homem, pelo vale da morte.

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