Riacho onde nadam e voam sereias
E navegam antigos catamarãs de madeira
De velas azuis e brancas
dos pescadores do Sri Lanka:
Contrabandistas de sirenas.
Cantam sobre o riacho da fazenda
E cheiram cocaína
Sereias expostas na tenda
da feira marroquina.
Transitam camelos cavalos e um elefante
No mercado aberto de Marrakech
Onde Afrodite acorrentada nua é estuprada
por velhos defeituosos de turbante.
sábado, 27 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Hoje a Aurora surgiu mais tarde,
de ressaca;
sem tranças
ou mesmo de cabelos penteados.
Tocou-me com dedos cinzas
e cheiro de cigarro!
Mostrou-me mortes
de Argivos
Corpos perdidos
em tempestades
de areia
escritas-cravadas
em costas de escravos.
E terremotos
em folhas de jornais
Acordei com mil raças
sangrando em mim
domingo, 21 de março de 2010
Memórias da cozinha
Em pequeno, não gostava de mexidinho
era só um pranto meu canto
um berreiro em redondilhas
me ouviam todos os vizinhos
reclamando da carne moída
do ovo, cebola e lentilhas.
Pior ainda eram os dias de sopa
tinha que comer entre sopapos.
Sentado sozinho na cozinha
(no canto dos olhos espreitar
pra ver se ninguém vinha)
ralo a baixo a sopa mandar
e com um restinho no prato
perguntava pro meu pai:
“Deixa eu deixar?”
era só um pranto meu canto
um berreiro em redondilhas
me ouviam todos os vizinhos
reclamando da carne moída
do ovo, cebola e lentilhas.
Pior ainda eram os dias de sopa
tinha que comer entre sopapos.
Sentado sozinho na cozinha
(no canto dos olhos espreitar
pra ver se ninguém vinha)
ralo a baixo a sopa mandar
e com um restinho no prato
perguntava pro meu pai:
“Deixa eu deixar?”
quinta-feira, 18 de março de 2010
À flor da Pele
Vestindo um vestido
feito de tecido vermelho
tão leve e tão curto
que traça perfeito
as linhas do corpo puro
– cortá-lo com faca! –
E um branco sem-nome
em que me perco
em coxas tão fartas
que serviriam de hecatombe
a qualquer deus grego.
Quem diria...
Essas meninas de 14 anos
de hoje em dia!
feito de tecido vermelho
tão leve e tão curto
que traça perfeito
as linhas do corpo puro
– cortá-lo com faca! –
E um branco sem-nome
em que me perco
em coxas tão fartas
que serviriam de hecatombe
a qualquer deus grego.
Quem diria...
Essas meninas de 14 anos
de hoje em dia!
quarta-feira, 17 de março de 2010
Divina Goiânia
Pagam o Pedágio
de um sit-pass
as almas que chegam
de todos os lados
no limbo
ou no terminal
do Padre Pelágio.
Talvez por não passarem
pela praça da Bíblia.
Transeuntes.
profecias na sarjeta
por bêbados
em pontos de ônibus.
Amarelo.
Um renque de velhos
(de olhos vermelhos
E canelas carcomidas
pelo tempo)
passivamente
compram ouro
de um sit-pass
as almas que chegam
de todos os lados
no limbo
ou no terminal
do Padre Pelágio.
Talvez por não passarem
pela praça da Bíblia.
Transeuntes.
profecias na sarjeta
por bêbados
em pontos de ônibus.
Amarelo.
Um renque de velhos
(de olhos vermelhos
E canelas carcomidas
pelo tempo)
passivamente
compram ouro
segunda-feira, 15 de março de 2010
Clarafila
E de seu corpo
corre em sua seiva
meus minerais
E por nossos tecidos
corre açúcar
em que sintetizamos
ou palavra
ou luz.
corre em sua seiva
meus minerais
E por nossos tecidos
corre açúcar
em que sintetizamos
ou palavra
ou luz.
domingo, 7 de março de 2010
O
As juntas do corpo necrosadas:
Imóvel.
Sentado há ânus
com a próstata inflamada
Prostrado sobre suas varizes
e gorduras de pernas toscas.
Em sua esquizofrenia de soberano
está o misantropo deus
sentado no trono
nos fazendo
a sua imagem e semelhança.
Imóvel.
Sentado há ânus
com a próstata inflamada
Prostrado sobre suas varizes
e gorduras de pernas toscas.
Em sua esquizofrenia de soberano
está o misantropo deus
sentado no trono
nos fazendo
a sua imagem e semelhança.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Letras
Ao caminhar entre mulheres
de pedra
fui assaltado
por um sagitário.
Asseteado
Acertado com flechas
de metáforas.
de pedra
fui assaltado
por um sagitário.
Asseteado
Acertado com flechas
de metáforas.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Dois
Gozo de um espírito em mim
e gosto do seu querer:
querer partir
Abraço-te; beijo-te
entre lençóis.
Doo e te dou minha alma líquida
Para juntos dormirmos.
Carrega-te as cicatrizes
da cama
e enleios de lençóis.
Envolta em marcas
de sedas.
E que sejas de ser sempre assim:
Às marcas de toda uma noite.
e gosto do seu querer:
querer partir
Abraço-te; beijo-te
entre lençóis.
Doo e te dou minha alma líquida
Para juntos dormirmos.
Carrega-te as cicatrizes
da cama
e enleios de lençóis.
Envolta em marcas
de sedas.
E que sejas de ser sempre assim:
Às marcas de toda uma noite.
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